XVI Semana de Fé e Política da RE Belém: do Vaticano II aos Dias Atuais

Iniciou ontem a XVI Semana de Fé e Política da Região Episcopal Belém com o tema Igreja e Sociedade. Nesta noite de abertura recebemos o Pe. José Oscar Beozzo que nos apresentou uma retrospectiva histórica da caminhada da Igreja do Concílio Vaticano II aos dias de hoje. Cerca de 250 pessoas participaram desta noite de abertura. Ouça também o áudio do nosso comentário na Rádio 9 de Julho sobre esse tema no final dessa página.

A mística inicial foi carinhosamente preparada e desenvolvida pela CEBs que refletiu sobre as mãos e os pés dos discípulos e missionários de Jesus Cristo.

Testemunhas das "mãos e pés" do Ressuscitado

Em seguida, D. Edmar Peron, o bispo responsável pela Região Belém, acolheu aos presentes carinhosamente convocando a assembleia a cantar

Momento novo
De Todas as Tribos

Deus chama a gente prum momento novo
de caminhar junto com o Seu povo.
É hora de transformar o que não dá mais
Sozinho, isolado, ninguém é capaz

Não é possível crer que tudo é fácil
Há muita força que produz a morte
gerando dor, tristeza e desolação.
É necessário unir o cordão.

Por isso vem entra na roda com a gente também,
você é muito importante. Vem!

A força que hoje faz brotar a vida
habita em nós pela sua graça.
É ele quem nos convida pra trabalhar,
o amor repartir e as forças juntar.

 

Depois mencionou as palavras do Papa Francisco junto aos movimentos populares em recente visita à América Latina. Destacou a necessidade de mudanças estruturais.

 

Vós sois semeadores de mudança... A mudança concebida, não como algo que um dia chegará porque se impôs esta ou aquela opção política ou porque se estabeleceu esta ou aquela estrutura social. Sabemos, amargamente, que uma mudança de estruturas, que não seja acompanhada por uma conversão sincera das atitudes e do coração, acaba a longo ou curto prazo por burocratizar-se, corromper-se e sucumbir. É preciso mudar o coração. Por isso gosto tanto da imagem do processo, onde a paixão por semear, por regar serenamente o que outros verão florescer, substitui a ansiedade de ocupar todos os espaços de poder disponíveis e de ver resultados imediatos. A opção é a de gerar processos e não a de ocupar espaços. Cada um de nós é apenas uma parte de um todo complexo e diversificado interagindo no tempo: povos que lutam por uma afirmação, por um destino, por viver com dignidade, por «viver bem», dignamente, nesse sentido.

 

Em seguida, o assessor da noite, Pe. Beozzo, retomou a mística inicial. 

 

Desafios = do Crucificado na vida do povo

Esperança = o Ressuscitado que caminha com seu povo

 

Fé que permite anúncio.

Enxergar além do que a mídia nos passa.

 

Lógica de Jesus =  gratuidade e partilha

 

Caminhamos se temos um horizonte!

Esperança militante

 

Resgate da caminhada da igreja

Estado atual que quer retirar direitos e reprimir a juventude.

Vamos pra história,  mas nosso momento é hoje!

 

50 anos da Gaudium et Spes  Alegria e esperanças.

Não estava no horizonte do concílio, entre os 70 textos preparados.

Teologia do trabalho = no trabalho cada um tem que aprender fazer sua oração à Deus

Terra de todos (Papa Francisco)

Fome

Guerra e paz

Igreja não voltada a si mesma, aberta as necessidades do mundo.

 

Íntima união da Igreja com toda a família humana

As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo; e não há realidade alguma verdadeiramente humana que não encontre eco no seu coração. Porque a sua comunidade é formada por homens, que, reunidos em Cristo, são guiados pelo Espírito Santo na sua peregrinação em demanda do reino do Pai, e receberam a mensagem da salvação para a comunicar a todos. Por este motivo, a Igreja sente-se real e intimamente ligada ao género humano e à sua história (GS 1)

Alegrias e esperanças sobretudo dos pobres são também as alegrias e esperanças dos

discípulos de Cristo. Quem se opunha?

Os melhores teólogos do Concílio. Pois diziam que as necessidades da vida do povo são

momentâneas e não cabem no Concílio.

 

João XXII dizia "nenhuma guerra é justa".

Outros diziam não podemos voltar para nossas Dioceses sem falar dos problemas concretos que o povo sofre.

A igreja tem que dizer uma palavra concreta sobre os problemas da vida.

 

Que peso dar a esse documento? Outro dilema.

Constituição ou documento menor (decreto)?

 

Pastoral é a vida da Igreja e não a Doutrina.

Porque a igreja Cuida das pessoas

Nota da GS

Proémio - Introdução

1. A Constituição pastoral «A Igreja no mundo actual», formada por duas partes, constitui um todo unitário. E chamada «pastoral», porque, apoiando-se em princípios doutrinais, pretende expor as relações da Igreja com o mundo e os homens de hoje. Assim, nem à primeira parte falta a intenção pastoral, nem à segunda a doutrinal. Na primeira parte, a Igreja expõe a sua própria doutrina acerca do homem, do mundo no qual o homem está integrado e da sua relação para com eles. Na segunda, considera mais expressamente vários aspectos da vida e da sociedade contemporâneas, e sobretudo as questões e os problemas que, nesses domínios, padecem hoje de maior urgência. Daqui resulta que, nesta segunda parte, a matéria, tratada à luz dos princípios doutrinais, não compreende apenas elementos imutáveis, mas também transitórios. A Constituição deve, pois, ser interpretada segundo as normas teológicas gerais, tendo em conta, especialmente na segunda parte, as circunstâncias mutáveis com que estão intrinsecamente ligados os assuntos em questão.

Esse impasse precedeu o Concílio na Igreja do Brasil.

Se empenhar numa ação transformadora.

Destaque para a alfabetização no NORDESTE.

Apreensão da cartilha Vida é  lutar pela ditadura militar.

Sindicalização rural.

Isso repercutiu em S. André.

Igreja e movimentos populares,  movimentos camponeses e operários.

1963 CNBB-SUL empenho pelas reformas de base.

Solicitações do Grito dos excluídos atual

Reforma agrária

Reforma tributária...

São as mesmas daquele tempo.

 

Nada protegia o campo pela hegemonia do latifúndio.

Passo corajoso = Estatuto do Trabalhador Rural.

Recentemente conseguimos para os trabalhadores domésticos.

Golpe em 31 de março  e a Igreja só foi falar no fim do mês de abril.

Mais de 5 mil sindicatos tiveram sua diretorias causadas e D. Hélder denunciava

Um outro bispo louvava os militares pelo fim do comunismo.

O texto da CNBB  mesclava os dois.

 

A divisão interna da igreja levou 10 anos para publicar um documento (Maioria)

Atual também não há consenso.

Reassumir a missão profética com as minorias.

Amazônia se transformou em latifúndio da VW e grandes bancos.

 

Documento denuncia desenvolvimento sem justiça.

Hoje vivemos nova destruição de direitos.

Em 1973 a Igreja lança o Documento : Ouvi os clamores do meu povo

Documento que denuncia toda situação de exploração.

Denúncia da destruição das áreas indígenas.

 

Bispos do centro-oeste falam dos abusos na área rural.

1977 surge enfim o documento - elogiado pela mídia.

Campo nasce a CPT.

Oposições sindicais - comissões de fábrica.

 

Hoje a mídia chama de ditadura àqueles que pedem por democratização dos meios de comunicação.

Impasses:

Nunca foi grande na CNBB o número de Bispos preocupados com as questões

populares.

Mas seus gritos alertavam os demais = Contra a ditadura.

Pela reforma agrária. ..

Várias pessoas partiram para diversos partidos políticos.

Hegemonia do PT nas comunidades de base, mas não era em todo país.

 

1980 Igreja e a questão da terra.

Exigências cristãs por uma constituinte exclusiva.

Apóia reforma agrária,  participação popular,  garantia dos direitos populares e avanço

dos direitos sociais.

Recolhemos 3 milhões de assinaturas para a reforma agrária.

Hoje temos muita dificuldade em recolher assinaturas.

Corremos o risco de aprovar a maioridade penal!

 

O que fazer?

Há 4 anos a CNBB pediu para retomarmos o Concílio

O concílio tem 2 pilares: a Igreja e a Igreja no mundo.

Perdemos a dimensão que  a Igreja tem que caminhar com a vida do povo.

 

Sugestão de Leitura: Grande dicionário do Concílio  Vaticano II

 

João Paulo II  Laborem Exercens trabalho como chave social aos 90 anos da Rerum

Novarum.

Papa Francisco desbloqueou o processo de D. Oscar Romero que havia sido bloqueado

(porque morreu por questões políticas e não questões de fé).

Laudato si - abre se as diversas igrejas, abre e recolhe dados de toda a Igreja.

Cuidado do cotidiano com a Ecologia 231 não é suficiente

 O amor, cheio de pequenos gestos de cuidado mútuo, é também civil e político, manifestando-se em todas as acções que procuram construir um mundo melhor. O amor à sociedade e o compromisso pelo bem comum são uma forma eminente de caridade, que toca não só as relações entre os indivíduos, mas também «as macrorrelações como relacionamentos sociais, económicos, políticos». Neste contexto, juntamente com a importância dos pequenos gestos diários, o amor social impele-nos a pensar em grandes estratégias que detenham eficazmente a degradação ambiental e incentivem uma cultura do cuidado que permeie toda a sociedade. Quando alguém reconhece a vocação de Deus para intervir juntamente com os outros nestas dinâmicas sociais, deve lembrar-se que isto faz parte da sua espiritualidade, é exercício da caridade e, deste modo, amadurece e se santifica.

 

232 associações em prol do bem comum

 Nem todos são chamados a trabalhar de forma directa na política, mas no seio da sociedade floresce uma variedade inumerável de associações que intervêm em prol do bem comum, defendendo o meio ambiente natural e urbano. Por exemplo, preocupam-se com um lugar público (um edifício, uma fonte, um monumento abandonado, uma paisagem, uma praça) para proteger, sanar, melhorar ou embelezar algo que é de todos. Ao seu redor, desenvolvem-se ou recuperam-se vínculos, fazendo surgir um novo tecido social local. Assim, uma comunidade liberta-se da indiferença consumista. Isto significa também cultivar uma identidade comum, uma história que se conserva e transmite. Desta forma cuida-se do mundo e da qualidade de vida dos mais pobres, com um sentido de solidariedade que é, ao mesmo tempo, consciência de habitar numa casa comum que Deus nos confiou. Estas acções comunitárias, quando exprimem um amor que se doa, podem transformar-se em experiências espirituais intensas.

Que Brasil nós queremos?

Redução para trabalhadores e governo, para o público e lucro recorde dos bancos?

Retomar a capacidade de nos organizarmos!

 

Após a exposição breves comentários/perguntas dos participantes:

Aula histórica da caminhada da Igreja.

Comissão de Justiça e Paz Nacional - grandes avanços.

O que aconteceu com a coragem dos homens da Igreja?

A formação que a Igreja dava a juventude deixou de acontecer!?

 

A juventude está politizada sim,está ena luta e sabe para onde vai?

Papa Francisco retoma a iniciativa de João XVIII em ouvir as Igrejas e  ter atitude de

conjunto.

Igreja pastoral

Latino americano preocupado com os pobres

Recupera a memória dos mártires

Teologia da libertação

 

Cadernos de Teologia pública 93 IHU Pe Beozzo 

Cadernos Teologia Pública, em sua 93ª edição, traz o artigo O êxito das Teologias da Libertação e as teologias americanas, sob autoria de José Oscar Beozzo, Centro Ecumênico de Serviços à Evangelização e Educação Popular – CESEP.

 

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Verbo filmes Concílio Vaticano II em prosa e poesia.

 

 

Fonte: Artigo publicado em nosso site diretamente pela autora. Áudio disponibilizado aqui com autorização da Rádio 9 de Julho (AM 1.600 KHz SP).