Escola de Fé e Política Waldemar Rossi

Campanha da Fraternidade 2015 Igreja e Sociedade

Em 15/06 a aula da Escola de Fé e Política Waldemar Rossi, foi ministrada pelo próprio Waldemar que desenvolveu o tema  CF 2015.

A mística inicial deu-se a partir da Parabola do Reino de Deus e o grão de mostarda. Sua transformação lenta e a meta da construção do reino e sua justiça.

O texto foi o seguinte:

 

AS SEMENTES EO REINO DE DEUS (Marcos 4, 26-32)

E Jesus continuou dizendo: “O Reino de Deus é semelhante a um homem que espalha a semente na terra. Depois ele dorme e acorda, noite e dia, e a semente vai brotando e crescendo, mas o homem não sabe como isso acontece. A terra produz por si mesma: primeiro aparecem as folhas, depois a espiga, e for fim, os grãos enchem a espiga. Quando as espigas estão maduras, o homem corta com a foice, porque o tempo de colheita chegou.”

Jesus disse ainda: “Com o que podemos comparar o Reino de Deus? Que parábola podemos usar? O Reino é como uma semente de mostarda, que é a menor de todas as semente da terra. Mas, quando é semeada, a mostarda cresce e se torna a maior de todas as plantas. Ela dá ramos grandes, de modo que os pássaros do céu podem fazer ninhos em sua sombra.”  - Palavras da Salvação!

 

Eu vim para servir!

Aproposta da aula foi discutir sinteticamente o documento e despertar o interesse de que o texto base seja lido.

 

Igreja voltada para melhorar a vida do povo.

Igreja muitas vezes não cumpriu sua função de gerar senso crítico.

 

A Igreja fez parte do poder e legitimou muitas vezes a ação do Estado.

A saída dos compromissos com o Estado dá a liberdade para a Igreja.

O Nordeste da um passo com a criação da SUDENE  com participação da Igreja.

Primeira experiência da CF em Natal  RN.

Transformação de uma experiência local em momento de formação durante toda a quaresma e em todo o território nacional.

Nascem como fruto as pastorais sociais.

Enfrentamento do regime militar até sua derrota.

Crescente urbanização do país - migração do campo para a cidade.

Violência como fruto da exclusão social e econômica. Fruto de um processo de injustiça que vem de geração em geração.

A ação diante da realidade atinge uma pequena minoria  enquanto que a imensa maioria dos cristãos somente participa da celebração dominical.

Prioridade a vida de todos é soberana ao bem de alguns.

Premissa = bem comum

Encíclica esperada do Papa Francisco - meio ambiente - primeira que não tem o título em latim, mas em italiano.

Vídeo verbo filmes 40 anos de Medellin à Aparecida - depoimentos Waldemar Rossi, D. Angélico, D. Luciano retrospectiva da Igreja.

Resistência à ditadura pelos dominicanos - morte de Marighela descrita pelo Frei Fernando.

 

O texto disponibilizado por Waldemar Rossi segue abaixo: 

 

 

CF- 2015 E A Doutrina Social da Igreja

 

Igreja e Sociedade ´”Eu vim para servir”

 

A CF 2015 nos chama a atenção para a missão da Igreja na Sociedade, pois a  Igreja não existe fora dela, a Igreja é constituída pelos seres humanos que vivem em sociedade.

 

1 - Sua primeira parte nos traz breve histórico de como a Igreja Católica (Cristã) compreendeu a missão deixada por Jesus Cristo, resumida na seguinte passagem: “Ide, pois fazei discípulos todos os povos, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a cumprir tudo o que vos tenho mandado.” Com essa ordem, Jesus quebra a espinha dorsal da hegemonia de Israel, que se considerava o único “povo de Deus”, reservando para si o privilégio da representação divina. Não cumpria sua missão de ser exemplo para todos os povos e de ser intermediário do projeto divino para o mundo.

 

AS CONTRIBUIÇÕES DA IGREJA

 

2 – Daí, o documento faz um relato das contribuições da Igreja desde as primeiras comunidades, de como a proposta de Jesus Cristo foi sendo, progressivamente, introduzida entre os povos, começando pelos países dominados pelo Império Romano, contribuindo para abalar as estruturas do próprio Império.

 

3 – Nos mostra seu papel na Europa, revelando, inclusive, embora de maneira leve, os períodos de sua história em que se confundiu com o poder político, cedendo à pressão de reis e imperadores. Não aprofunda sua atuação, na Europa, nos períodos mais críticos, como nos casos de fazer parte do pode da corte real, legitimando a ocupação das terra pelos reis, não se refere à Inquisição, para, depois corrigir seus erros históricos, reconhecendo que é também humana e que não é infalível do ponto de vista da História.

 

A IGREJA NO BRASIL

 

4 – Entra na História de Portugal do século XVI ao século XIX, chegando ao período de missão no Brasil e América Latina, também com vários equívocos quanto à sua verdadeira missão. Até se tornar independente do Estado. (Um bom serviço da Maçonaria à Igreja de Jesus Cristo). Independente do Estado, foi encontrando a linha missionária deixada por Jesus.

 

5 – Nesse contexto, surgem os desafios da primeira metade do Século XX. O Brasil passa pelos primeiros momentos da nova era, da industrialização e o início da urbanização mais rápida. Reconhece as “coisas novas” trazidas pelos ideais revolucionários, pela nova cultura, pelos avanços e problemas gerados pelos interesses econômicos, alterando a vida social do povo, sobretudo após a 2ª Guerra Mundial e a reconstrução da Europa.

 

6 – Entre os avanços da época, nos aponta formação da CNBB em 1952, a mobilização dos leigos com a expansão dos movimentos de Ação Católica, do MEB (Movimento de Educação de Base) e a formação dos sindicatos rurais com apoio da Igreja Católica.

 

MUDANÇA HISTÓRICA DE POSTURA

 

7 – O TB (Texto Base) cita os dois Encontros dos Bispos do Nordeste, em 1956 e 59 - que fizeram ampla análise da realidade regional - como fundamentais para que a Igreja começasse a se debruçar sobre a problemática social do Brasil todo. Um dos seus resultados foi a criação da SUDENE (Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste), pelo governo federal.

 

8 - A criação do CELAM (Conferência Episcopal Latino Americana) em 1955 fortaleceu as experiências da Igreja no Brasil. A Igreja foi se tornando mais presente na vida pública do país e saiu ainda mais fortalecida com a realização e as conclusões do Concílio Vaticano II, entre 1962/65, época da verdadeira explosão da Igreja na América Latina.

 

9 – Em 1964, com o resultado das primeiras experiências na Arquidiocese de Natal, no Rio Grande do Norte, foi desenvolvida a primeira Campanha da Fraternidade promovida pela CNBB. Tudo isto colaborou para a expansão das Comunidades de Base (CEBs) e o crescimento dos movimentos sociais, como sindicatos, movimento estudantil, movimentos dos trabalhadores rurais, indígenas e quilombolas.

 

A IGREJA E O GOLPE CIVIL/MILITAR DE 64

 

10 – O golpe militar de 1964 - que contou a colaboração da Igreja Católica e apoio da CNBB - destituindo o presidente eleito pelo povo, cassando dirigentes sindicais combativos, parlamentares, professores prisões dos dirigentes nacionais da JOC e outros, provocou à criação de vários movimentos de resistência, incluindo vários bispos que não concordaram com o golpe.

 

11- Diante das medidas repressivas do regime militar e do agravamento dos problemas sociais que abalaram o país, houve profundas mudanças na CNBB, que para enfrentar tantos desafios, no campo e na cidade: criou a CPT (Comissão Pastoral da Terra), a Comissão Brasileira de Justiça e Paz (CBJP), o Conselho Indigenista Missionário (CIMI), o fortalecimento da CEBs e a expansão da Pastoral Operária que se organizou em mais de 100 dioceses brasileiras.

 

12- Os temas das CFs foram repercutindo a postura de resistência da Igreja Católica, de outras Igrejas cristãs e dos movimentos sociais que se desenvolviam - apesar da forte e criminosa repressão, com prisões, torturas, assassinatos de trabalhadores rurais, indígenas, operários, inclusive de sacerdotes no Norte e Nordeste do país. O martírio fez crescer a contestação das igrejas ao regime militar, até que este se esgotasse e fosse derrotado.

 

13 – Muitos outros desafios foram surgindo, especialmente devido a forte urbanização do país para atender aos interesses do novo modelo industrial. Essa urbanização, sem nenhum planejamento, gerou enormes obstáculos à realização satisfatória da vida de milhões de trabalhadores urbanizados, ao mesmo tempo em que se deu a maior concentração de terras na História da Humanidade. Os migrantes não encontravam moradias e se alojavam em casebres, barracos, cortiços, muitas vezes sobrecarregando as casa de parentes que já moravam nas grandes cidades. Os bairros novos não tinham água nem esgotos canalizados e o transporte extremamente precário.

 

A IGREJA REVÊ SEU APOIO AO GOLPE

 

14 – O documento faz um bom relato dos problemas que resultaram do novo modelo econômico imposto pelos militares, assim como a postura dos movimentos sociais na luta pela superação desses problemas, com boa participação da Igreja, a partir das pastorais sociais e dos documentos da CNBB.

 

15 – Situa o crescimento da exclusão econômica e social gerada pela concentração de renda, que vem gerando também o crescimento da violência e que deixa a todos sem proteção. Situa também a impunidade dos causadores dessa violência.

 

16 – Diante desse quadro, o documento cita: “O modo pelo qual a Igreja dialoga de maneira contundente com a sociedade em geral é o serviço a favor da verdade, da justiça e da fraternidade em vista do bem comum. A Igreja conta com a parceria de instituições e organizações sociais, bem como de homens e mulheres de boa vontade, unindo forças para a erradicação de injustiças e construção de uma sociedade que propicie a vida” (60).

 

17 – Visando minorar tantos problemas, a Igreja vem criando serviços de permitam atender às necessidades mínimas de muita gente, ao mesmo tempo que desenvolve trabalhos educativos que possibilitem a inclusão social.

 

18 – Mudança importante de postura da Igreja foi entender que é necessário unir forças diferentes para se alcançar a meta de justiça. Assim, tem trabalhado com a diversidade de crenças e de movimentos, superando antigos entraves à unidade da ação. A Igreja, hoje, trabalha com o plural. (Entretanto, essa postura de ação diante da realidade e a busca da unidade de forças não inclui a imensa maioria dos católicos, que se acomodam na participação dominical das celebrações.)

 

O PAPA FRANCISCO E A CNBB

 

19 – Não é por menos que os bispos, assim comoo papa Francisco, insistem que os cristãos precisam ser participativos na vida política, econômica e social do país: “Não podemos fazer como Pilatos e lavar nossas mãos. Não podemos”.

 

20 – Na análise da relação da Igreja com a sociedade, ela procura fazê-lo à luz da palavra de Deus. O documento básico é a Doutrina Social da Igreja em que estimula a jamais perder as esperanças e sempre buscar caminhos e criar instrumentos para superação das mazelas.

 

21- Destaca que a opção preferencial pelos empobrecidos vem sendo o principal referencial para a atuação dos cristãos na vida politica e social, ressaltando a prioridade da vida de todossobre a posse e concentração de riquezas por alguns.

 

22 – Destaca o bem comum sobre os interesses individuais, como premissa para se criar uma nova sociedade embasada na justiça e na igualdade.

 

23 – Conclama à participação dos cristãos na promoção da justiça social, ou seja, na promoção do bem comum; à participação na profunda reforma (ou revolução?) do Estado, como exercício para a implantação da verdadeira democracia.

 

A Terceira parte do documento retoma os apelos da participação consciente para mudanças radicais das realidades que, no mundo inteiro, geram exclusão (gente descartável), violência e morte.

 

A Encíclica vai colocar o “dedo na ferida”.

 

‘A Encíclica do Papa Francisco sobre o meio ambiente vai colocar “o dedo na ferida” e tratar da responsabilidade das grandes corporações na degradação do Planeta’, diz o cardeal hondurenho, D. Oscar Rodrigues Maradiaga, coordenado do grupo C9, que ajuda o papa nas reformas da Cúria Romana.

 

A carta papal, sobre o ambiente, será publicada na quinta feira desta semana.

 

A encíclica é dirigida a todos os bispos e a todos os católicos do mundo e vem sendo aguardada ansiosamente por cientistas, ambientalistas e políticos. Espera-se que a encíclica chame a atenção de todos os que negociam sobre as mudanças climáticas e que influa no encontro de cúpula de Paris, marcado para este fim de ano.

 

Título da encíclica: “Laudato sí” (Louvado Seja)

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