PASTORAL FÉ E POLÍTICA

Arquidiocese de São Paulo

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J. Thomaz Filho

E SE FEZ PÃO

O espírito e a carne numa vida,
unidos, com sabor de consciência!
É isso que nós somos. Quem duvida?
Daí nosso vigor, nossa incumbência!
Não dá pra descartar uma medida.

E Deus quis se encarnar nesta matéria,
tornar-se qual nos fez, mas na excelência,
mostrando compaixão pela miséria
em que nos afundamos, complacência,
perdão. E se fez Pão!... Não é pilhéria.

Na carne, dom de Deus pra nossa lida!
Serviço, amor, partilha!... Coisa séria!

J. Thomaz Filho

EM TEMPOS AMARGOS

Com quem nós haveremos de aprender,
em tempos tão amargos, a saída?
Ó mãe, tu és a luz a nos dizer
que é hora de encarar toda a avenida
com firme paciência e bem-querer.

Não há que rejeitar proposta alguma.
É tudo analisar. Ter por medida
o que merece amparo em meio à bruma.
Ah! isto percebemos: sempre a vida!...
Firmemos nosso empenho em dose suma!

Contigo não nos custa compreender:
focando o essencial, tudo se apruma!

J. Thomaz Filho

TEMPO PRA PENSAR

Um tempo pra pensar é que não falta:
pesar os compromissos, prioridades,
dizer pra toda a pressa que ela é incauta,
ouvir se a paciência traz verdades,
fazer o bom humor ficar em alta.

Rever nosso conceito de normal:
será que as nossas mil atividades
precisam desse antigo vendaval
de tanto vai e vem? Precariedades
são essas que dizíamos?... Que tal!

Que o riso das crianças, tão peralta,
nos leve a reinventar todo o quintal!

J. Thomaz Filho

DEZENOVE DE ABRIL

Indígenas, falai, temos de ouvir.
A nossa relação com a Mãe Terra
tem sido desastrosa. Progredir
– o verbo que nos move – nos emperra
consciência e visão, pensar, sentir.

Falai da convivência em vossos clãs,
falai do chão, da vida, sem a guerra
que os fere, que os explora – metas vãs,
só levam a sugar... A gente erra!
Falai, para aprendermos lidas sãs!

Mãe Terra, só soubemos te agredir.
Permita-nos compor novas manhãs!

J. Thomaz Filho

UM NOVO CONVIVER

Fugimos pras metrópoles. E agora?
Um novo conviver já nos questiona.
A máquina que usamos nos devora:
tirou-nos das lavouras e detona
o nosso compromisso com a flora!

Ah! Como garantir nosso sustento
sem toda essa agressão que desmorona
a nossa sanidade? Novo intento
nós temos de abraçar em toda zona:
rural e urbana. Novo e justo acento!

É urgente, não suporta mais demora!
Que Deus nos dê coragem, luz, alento!

J. Thomaz Filho

AQUI FAZEMOS PÁSCOA

Se o Mestre ressurgiu, você também.
Pois isso Ele nos veio garantir.
Adilza, então desfrute muito bem
de tudo o que me espera no porvir:
se veio pra você, também me vem!

Aqui fazemos Páscoa, que é passagem.
Aí já conseguiu tudo florir!
Não digo que eu esteja em desvantagem:
preciso mais um tanto prosseguir...
até que chegue o dia da viagem.

Não posso é descansar-me no desdém:
há irmãos buscando luz, sabor, aragem...

J. Thomaz Filho

ELAS VÃO EM FRENTE

Ficaram confinados. Um fracasso?
O medo, as incertezas... Que fazer.
Alguém há de se erguer e dar um passo...
E então são as mulheres. Queres ver?
Levantam-se, conferem todo o espaço.

Pesada aquela pedra... Vão em frente.
A força lá de dentro, sem temer,
as leva pro jardim, coração crente,
sabendo exatamente o que fazer:
cuidar!... Um corpo morto?... Corpo ausente!!!

Faltava, no desenho, mais um traço:
e assumem a notícia surpreendente!

J. Thomaz Filho

CLARÍSSIMA LIÇÃO

Claríssima a lição dessas mulheres:
unidas, bem atentas ao cuidado,
não ficam simplesmente nos talheres,
preparam, para o corpo sepultado,
aromas... Ó meu Deus, o que mais queres?

E Deus queria mais... Há de mostrar.
Um sábado de dor. Não derrotado.
Pois elas têm por dentro, a lhes gritar,
um sonho, uma esperança um bom recado
que querem descobrir... Acreditar!

Ó Mestre, não é o fim! Que te superes!...
Silêncio! Deus é mais! Não vai faltar!...

J. Thomaz Filho

A VIDA EU ESCOLHI

Por que vocês insistem nesse olhar?
Quem disse que escolhi morte cruel?
A vida eu escolhi, eu vim cuidar!
Tortura é insensatez, não é papel
de humano contra humano!... Sem lugar!

Eu fui fiel ao Pai! Olhem pra mim!
Não veem que eu acendi a luz do céu?
Não veem que vim limpar esse jardim?
Não veem que esvaziei esse tonel
do peso sobre o irmão?... Por paz eu vim!

A cruz!... Ela queria me calar!
A cruz me disse não. Eu disse: Sim!

J. Thomaz Filho

Da maior importância

É preciso que lavemos os pés
uns dos outros, sem orgulho, arrogância.
Eu sou frágil, assim como tu és.
O cuidado é da maior importância:
mundo irmão! Não haja réus e nem rés!

Simples vírus pode dar-nos lição:
de que valem ambição e ganância
quando estamos sem saída, sem chão?
Pois lavemo-nos os pés!... Que fragrância
nós podemos descobrir, bem à mão!

Se o poder apronta cruz e revés,
nosso Mestre é luz, vigor e perdão!

J. Thomaz Filho

J. Thomaz Filho

J. Thomaz Filho
J. Thomaz Filho é escritor, poeta, compositor e também letrista, parceiro de Frei Fabreti em dezenas de músicas litúrgicas, entre elas "Imaculada", "O Amor de Deus", "Grande é o Senhor", "Cantando a Beleza da Vida", "Venham Comigo" e "Vejam". Atuou por mais de dez anos no Colégio Santa Catarina (Petrópolis/RJ) lecionando ética. Trabalha junto a grupos de reflexão bíblica e formação cristã. Foi agraciado com o prêmio "Poesia e Liberdade" pelo Centro Alceu Amoroso Lima (2010). Para falar com J. Thomaz Filho, utilize nosso formulário de contato.