Quem tem essa saudade pra encarar
e entende que precisa de um suporte
por certo que em sua prece vai firmar
primeiro a gratidão e vai ser forte,
capaz de levantar-se, caminhar.
Quem tem essa saudade vai querer
clareza pra manter o rumo norte:
sabendo não ser fácil compreender,
desprende-se do jogo azar e sorte
e põe os pés no chão pra amanhecer.
Quem tem essa saudade vai cantar
canções que têm raiz no verbo crer!
J. Thomaz Filho
Você não é o passado, já selado.
Você é permanência em minha vida.
Você não é saudade, antigo agrado.
Você é luz que aclara a minha lida.
Você é paz, é bem, é o bom recado.
Você é ombro amigo na jornada.
Você é voz que acalma, não revida.
Você é doação, não cobra nada.
Você é o bom aceno na saída.
Você é o bom abraço na chegada.
Você é a minha espera do outro lado.
Você, minha canção: a mais tocada!
J. Thomaz Filho
Adilza, do seu lado o tempo é nada.
Aqui, porém eu conto: faz um ano!
aqui, vou prosseguindo minha estrada.
Aí, você já está no sem engano,
que é a fonte e a foz de toda esta jornada.
Pois é, já faz um ano de mexida
tão densa!... Que clareza nesse plano
do Pai: eternidade é sua guarida!...
Mexida que não causa nenhum dano,
mas faz-me reciclar-me em minha lida.
Adilza, também quero essa morada!
Por ora, há lições nesta avenida...
J. Thomaz Filho
Lembrar daquele jovem, lá de Assis,
é como descruzar os próprios braços.
Não dá para sorrir e ser feliz,
deixando como está: tudo aos pedaços!
O jeito de ele ser não contradiz?
Riquezas? Não brigou por elas, não!
Pessoas, animais, grandes espaços?
Jamais foi de agredir, se fez irmão!
Pros ódios e doenças trouxe abraços.
Moeda que ele usou? Sempre o perdão.
O mundo está sem rumo, por um triz?
Pois ele tem serena solução!
J. Thomaz Filho
Lembrar daquele jovem, lá de Assis,
é como descruzar os próprios braços.
Não dá para sorrir e ser feliz,
deixando como está: tudo aos pedaços!
O jeito de ele ser não contradiz?
Riquezas? Não brigou por elas, não!
Pessoas, animais, grandes espaços?
Jamais foi de agredir, se fez irmão!
Pros ódios e doenças trouxe abraços.
Moeda que ele usou? Sempre o perdão.
O mundo está sem rumo, por um triz?
Pois ele tem serena solução!
J. Thomaz Filho
A Terra, nossa casa e bem comum,
precisa de respeito e de cuidado.
É claro que ela nutre a cada um
– é só olhar pra trás! – com sumo agrado.
Voltemos. Entendamos. Medo algum!
É como o nosso corpo: quer descanso.
Tornar seu chão assim, esburacado,
os troncos recortados, sem remanso,
é mesmo um panicídio bem tramado,
que a tudo vai ceifar, com seu avanço!
Dá tempo! Restaurar!... Prazo? Nenhum!
Só dá pra festejar de olhar mais manso!...
J. Thomaz Filho
Pros votos, quantos foram os milhões?
Mentiu, muito gastou, e se elegeu.
Mentiu! Pois não mostrou certas razões.
Tivesse dito claro – compreendeu? –,
seriam quantos votos?... Eleições!...
Agora mostra a cara. Que frieza!
Em plena pandemia?... Que lhe deu?...
Decreto de despejo. Com crueza.
Famílias que produzem – entendeu? –
não têm pra onde ir... Não há defesa!...
Justiça!... Mas desfere safanões!
É lúcida? É justa? Tem nobreza?
J. Thomaz Filho
No denso da palavra e da atitude,
o irmão dos mais sofridos já se expõe.
Ah! sabe prolongar sua juventude,
servindo os pequeninos: pois compõe
poema com a vida, não ilude.
Não teme se aliar à dor do pobre.
Se a voz da prepotência se indispõe,
e quer calar um sonho justo e nobre,
é vida para todos que se impõe!...
O céu é justo assim: ninguém soçobre!
Fazer da gratidão, solicitude!...
Que o nosso empenho, agora, se desdobre!
J. Thomaz Filho
Os pais que compreenderam seu mister
têm tempo para os seus, sabem cuidar,
alertas pro que der, pro que vier,
capazes de entender e de escutar,
felizes por servir, como Deus quer.
Porque, afinal de contas, seu papel
não é de coadjuvante a respingar,
mas é de sintonia com o céu,
pra que na terra possa vigorar
a paz sem restrição, não a granel.
Ser pai é estar de mãos com sua mulher,
no empenho pelos filhos – que troféu!
J. Thomaz Filho
Se temos quem promova dor e morte
aqui no nosso meio, que nos resta?
Armar-nos? Pra tornar ainda mais forte
o ódio, violência, que não presta?
A paz não trama assim a nossa sorte!
O Mestre, que me dá sentido e luz,
não foi de conivência nessa festa
de pura insensatez, que nos reduz
a gente ambiciosa, vil, molesta,
a mórbidos que à paz não fazem jus.
O céu nos recomenda outro suporte:
mãos dadas, ombro irmão! – Louco é Jesus?
J. Thomaz Filho